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HELENA CHRYSTÊLLO APRESENTA A ANTOLOGIA BILINGUE 30 SETEMBRO 2011 EM SANTA MARIA NO 16º COLÓQUIO DA LUSOFONIA

 

Queria agradecer em nome das autores à Dra. Graça Castanho e à Direção Regional das Comunidades pelo apoio que permitiu publicar este volume e ao Francisco Madruga editor da obra por ter acreditado que vale a pena divulgar os autores açorianos contemporâneos.

 

Esta obra nasceu duma conversa informal no seio dos Colóquios da Lusofonia na Lagoa em 2009 para se elaborar uma Antologia de Autores Açorianos Contemporâneos com que pretendíamos culminar a falta de conhecimento dos alunos de todos os níveis de ensino sobre a produção literária local.

 

Agradecemos imenso aos autores, dentre os quais Caetano Valadão Serpa, Daniel de Sá e Vasco Pereira da Costa, aqui presentes, pela ajuda que nos deram na obtenção das obras e na seleção dos textos.

 

Os objetivos desta edição mais reduzida da Antologia mas em versão bilingue, português-inglês, é o de proporcionar às comunidades açorianas, lusofalantes e não só, radicadas nos Estados Unidos e no Canadá (e em todo o mundo), o acesso a obras de autores açorianos, muitas das quais esgotadas ou fora de circulação.

 

Uma das grandes dificuldades que enfrentamos foi a de selecionarmos em tão pouco tempo, dentre mais de 1500 títulos, os autores e as obras para este primeiro volume.

 

Tomamos para premissa o conceito de açorianidade formulado por José Martins Garcia que, «por envolver domínios muito mais vastos que o da simples literatura», admite a existência de uma literatura açoriana «enquanto superstrutura emanada dum habitat, duma vivência e duma mundividência».Se hoje, é questão aceite e arrumada para a maioria dos autores será bom não esquecer o polémico debate académico em torno da expressão «literatura açoriana» que ocorreu entre os autores nos anos 80, afetando amizades, afinidades intelectuais e intertextualidades.

 

Em “Constantes da insularidade numa definição de literatura açoriana”, J. Almeida Pavão (1988) declarava, “...sobre a existência de uma Literatura Açoriana...assume-se tal Literatura com o estatuto de uma autonomia, consentânea com uma essencialidade que a diferencia da Literatura Portuguesa Continental.

 

Pedro da Silveira (1922-2003) era perentório:

«…nessa escrita, são visíveis as especificidades que identificam o açoriano como ser moldado por elementos atmosféricos e sociológicos diferentes, adaptado a vivências e comportamentos que, ao longo dos séculos, foi assimilando, pois viver numa ilha implica(va) uma outra noção de mundividência. A literatura açoriana não precisa de que se aduzam argumentos a favor da sua existência. Precisa de sair do gueto que lhe tem sido a sina

 

Por seu turno J. Almeida Pavão escrevia em 1988

“...de Onésimo de Almeida, diríamos que o seu critério, assente na idiossincrasia do homem das Ilhas, nelas nado e criado, nos levanta uma dificuldade: a de englobarmos no mesmo conteúdo da Literatura Açoriana os autores estranhos que porventura as habitaram, já na idade adulta, como o Almeida Firmino de Narcose ou as visitaram, descortinando as suas peculiaridades pelo impacto de estruturas temperamentais forjadas em ambientes diversos”.

Entendemos, pois, que deverão ser abrangidos num rótulo comum de insularidade e açorianidade três extratos diversos de idiossincrasias:

— Um de formação endógena, constituído pelos que nasceram e viveram nas Ilhas, independentemente do facto de se terem ou não terem ausentado;

— O dos insularizados ou «ilhanizados», adotando a designação feliz utilizada por Álamo Oliveira, a propósito do já referido poeta Almeida Firmino;

— E ainda o dos estranhos, como o também já mencionado Raul Brandão.”

 

Por último, Machado Pires discursando sobre esse fenómeno descontínuo porque não há uma evolução ou uma linha histórica progressivamente afirmada, diz haver “Autores açorianos que estando fora dos Açores, deles se ocupam sistematicamente de modo direto e indireto” e sugeriu ”a expressão “literatura de significação açoriana” para uma literatura ligada à peculiaridade açoriana por acharmos demasiado genérica, ambígua e incaraterizante a designação de ‘açoriana.”

 

Há portanto, vários autores, os residentes no arquipélago, os emigrados, os descendentes, e os estrangeiros que escrevem sobre os Açores. Para destrinçar quais incluir na designação açórica optamos por escolher os que aqui nasceram ou viveram e que são unanimemente considerados, pelos seus pares, como “autores açorianos”.

 

 No tocante à estrutura da obra, e com o intuito de agilizar um manuseio eficaz, optámos por ordenar alfabeticamente os Autores (primeiro nome), que são apresentados com uma ‘ficha’ biobibliográfica sumária. Exaustiva não é, decerto, mas é indicadora de quanto se tem produzido literariamente e muito do qual merece ser lido, analisado, criticado e trabalhado.

 

Uma antologia mais não é do que uma amostra de Autores e textos, fragmentária e relativa, mero trampolim para a totalidade almejada em edições futuras. Aos Autores deste primeiro volume, agradecemos profundamente, tanto pela sua anuência à coleção dos textos antologiados como pela colaboração interativa em muitos casos, da respetiva tradução para língua inglesa.

 

Resta-nos aguardar que esta Antologia seja um instrumento de consulta diária não só dos que se dedicam à didática e à literatura mas de todos os que buscam abrir essa janela imensa que é a literatura de matriz açoriana. Enquanto coautora desejo que mais professores  de português e inglês a adotem para enriquecer os conteúdos programáticos e a componente açoriana dos currículos que tanto descuraram até agora as peculiaridades do ser açoriano, português de nacionalidade mas  vincadamente marcado pelas idiossincrasias deste arquipélago que tao isolado andou durante séculos e hoje se afirma possuidor d euma vasta e abrangente obra literária que cuida preservar e  divulgar.

 

Muito obrigado

 

XXXIV Colóquio

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